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Quero ir ao Mosteiro | Como o posso fazer?
Muitas pessoas têm-nos perguntado o que fazer para ir ao mosteiro: ‘Posso ficar um período no Mosteiro?’ ‘Quero ser monge, como posso fazê-lo?’, ‘Onde me posso ordenar?’, ‘Como posso ajudar?’. Resolvemos assim fazer um pequeno resumo para esclarecer estas e outras questões.
O mosteiro em Portugal situa-se em Fonte Boa dos Nabos, perto da Ericeira, num espaço que serve de residência para os monges, onde estes exercem as suas práticas monásticas e onde qualquer pessoa pode participar nas meditações ou passar uma temporada, não só praticando meditação dentro do contexto do ensinamento budista, como também ajudando na rotina da comunidade. Eventualmente poderão ocorrer também períodos de retiro.
Para uma estadia no Mosteiro é necessário enviar previamente um email com as datas que pretende, reservando assim o seu lugar.
Dentro desta tradição existem inúmeros mosteiros na Tailândia (mais de duzentos), na Europa e em outros lugares do mundo (ver lista em www.forestsangha.org). Para além do Mosteiro em Portugal, os dois mosteiros de mais fácil acesso para os portugueses e com maior disponibilidade para receber hóspedes são Amaravati e Cittaviveka.
Para quem queira ordenar-se como monge, o primeiro passo será visitar um destes lugares, onde não há custos de estadia. Depois de se familiarizar com a rotina e com a vivência monástica, poderá então, tomar uma decisão mais consciente em relação a uma possível ordenação. Apesar de esta ser uma ordem monástica muito numerosa, apenas há relativamente pouco tempo (cerca de trinta anos) é que foi restabelecida a ordem das monjas, pelo que, por enquanto, apenas dois mosteiros têm comunidades monásticas femininas, Cittaviveka e Amaravati, ambos em Inglaterra.
Assim, após passar algum período num dos referidos mosteiros, a pessoa pode pedir ordenação. O primeiro passo será o de aspirante ao qual se dá o nome de Anagarika (significa literalmente ‘sem lar’), aquele que abandona as suas obrigações mais mundanas para se dedicar à prática espiritual, no qual o indivíduo segue os oito preceitos e participa da quase totalidade das práticas monásticas, juntamente com o resto da comunidade. Nesta etapa é ainda possível ter alguns bens materiais, tal como dinheiro. Este período, normalmente é de dois anos para as mulheres e de um ano para os homens, se bem que no Oriente pode variar entre seis semanas a seis meses ou até mesmo não existir. Para estes, no entanto, segue-se outro período ‘intermediário’ de um ano, o período do noviciado no qual o indivíduo é chamado de Samanera (pequeno Samana – renunciante), adquirindo o preceito de não manusear dinheiro. A seguir segue-se a ordenação final (Bhikkhu para os homens e Siladara para as mulheres). No Ocidente, não há muitos monges com autoridade para fazer ordenações, pelo que a cerimónia de ordenação terá de ocorrer num lugar onde residam monges seniores ou em mosteiros, aos quais eles oportunamente se desloquem.
Esta não é uma decisão que se tome de ânimo leve. Existe todo um processo de resolução interna e externa que deverá ser levado em consideração. No exterior isso reflecte-se em relação ao trabalho, aos relacionamentos, à família, aos pertences, etc. No interior isto irá interferir com os hábitos e valores, seguranças e emoções. Quando o indivíduo é ordenado, deverá estar consciente da sua independência na prática; ou seja, tem de ter ‘pernas para andar’. Terá sempre o apoio de todos os outros monásticos, principalmente dos mais experientes, para qualquer incerteza que surja quanto à prática espiritual ou ao caminho, mas é a própria pessoa que terá de ter a clareza de mente para tomar decisões, e seguir instruções de forma consciente.
Este é um caminho de renúncia e liberdade que deverá ser trilhado por aquele cujo coração almeja a libertação.