Caminhada na Corda Bamba |

“Este é o caminho directo para a purificação dos seres, para a superação da tristeza e da lamentação, para o desvanecimento da dor e da angústia,
para alcançar a verdadeira via, para a realização de nibbāna, nomeadamente, as quatro fundações de Sati.” – O Buddha – Satipaṭṭhāna Sutta, M10

cap.17 – Consciência Correcta (Sammā-sati)

PEMASIRI THERA: O sétimo factor do caminho óctuplo é consciência correcta, sammā-sati. Sati é o termo Pali que significa um estado de espírito kusala – saudável. É o estado mental que está indissociavelmente ligado ao que é saudável e benéfico, não misturado com ou tocado por o que quer que seja de nocivo. Quando realizamos acções saudáveis, sati está presente. Ela está presente quando somos generosos e presente quando somos gentis. Está presente quando se toma conta de um centro de meditação, quando observamos os cinco ou oito preceitos e seguimos o caminho óctuplo.

“Todos os estados benéficos da mente”, disse o Buddha no Aṅguttara Nikāya, “são sati”. Todos.

Actos de generosidade realizados sem expectativas são actos que estão sendo executados com sati. Quando ajudamos as pessoas sem expectativa, estamos ajudando-as com sati. Quando se limpa o chão na sala de meditação, sem qualquer expectativa, está a limpar-se com sati. E quando se executa qualquer acção virtuosa sem expectativa, está-se a executá-la com sati. Sati significa observar os cinco e oito preceitos sem expectativas e seguir o caminho óctuplo, sem expectativas.

Acções realizadas com expectativas não são realizadas com sati. Actos de generosidade em que existe uma expectativa de no futuro se renascer num bom céu, de adquirir louvor, fama, ou de obter o que quer que seja, não são actos de generosidade totalmente saudáveis e portanto, não estão a ser realizados com sati. Geralmente, qualquer acto de generosidade é um acto benéfico, mas no momento em que expectativas estão presentes, não há sati. Da mesma forma, se estamos observando preceitos, com a expectativa de chegar a um plano eterno ou para obter bons resultados futuros, o nosso estado de espírito não atingiu o nível de sati, nossas mentes misturam-se com ignorância a esse ponto.

Apesar do facto de se fazer um esforço para observar os preceitos traduzir um estado mental benéfico, não há sati no momento em que expectativas estão presentes.

O conceito de um estado saudável da mente existia já antes de Siddhārtha se tornar o Buddha iluminado: as pessoas mantinham os preceitos e praticavam a generosidade, a bondade e a compaixão. Já existia uma tradição de desenvolvimento de um estado saudável da mente e este estado mental foi chamado sati. Praticava-se sati num esforço para alcançar resultados favoráveis, tal como um nascimento num lugar permanente onde viveriam em paz por toda a eternidade. As pessoas não praticavam sati para conseguirem o que fosse além deste tipo de resultados.

Siddhārtha percebeu que praticar-se sati desta forma só levava à decadência e à morte, somente perpetuando o sofrimento interminável no samsara, e partiu numa busca para encontrar uma forma mais satisfatória de libertação. Eventualmente, Siddhārtha descobriu que a superação da decadência e da morte exigia conduzir o corpo, as actividades realizadas com o corpo, as experiências do corpo e da mente, e todos os pensamentos da mente, completamente no sentido do saudável e benéfico. Treinando o seu corpo e mente desta forma, Siddhārtha atingiu a iluminação e tornou-se no Buddha, posteriormente ensinando as verdades libertadoras para todos os que quisessem ouvir. Como resultado desses ensinamentos, o objectivo de praticar sati mudou de meramente atingir-se resultados condicionados sujeitos à deterioração e à morte, para um objectivo de ir-se mais além da decadência e da morte e alcançar o incondicionado – nibbāna. O Buddha chamou a esta forma de prática, a nobre ariyan sati, sammā-sati.

Através da prática de sati, libertamo-nos do saṃsāra. Sati significa que não temos quaisquer expectativas. Há apenas o pensamento de que a nossa existência no saṃsāra é dukkha e que aqui só existe decadência e morte. Só o ir-se além disso, o superar-se isso, é o único pensamento em nossas mentes. Isso é sati. Somente esse singular pensamento em mente, que o que todos estamos procurando é ir além do saṃsāra, além da decadência e da morte.

Atenção

Prestar atenção, manasikāra, é semelhante a sati: uma atenção consciente está presente. Atenção, no entanto, é apenas a faculdade das nossas mentes para observar fenómenos. Não é nada mais do que essa faculdade de observação. Ao prestar atenção, voltamos as nossas mentes para objectos da experiência.

Imagine-se uma sala. Há muitas pessoas na sala e um guarda de plantão à entrada. O dever do guarda é de abrir e fechar a porta da sala, só isso. Ele não faz nada mais. O guarda nunca se põe vagueando e conversando com as pessoas dentro da sala, e nunca se põe a deambular fora da sala. Não. O guarda apenas permanece à entrada da sala, abrindo e fechando a porta. Esta sala é a nossa mente, as pessoas na sala são os factores da nossa mente, e o guarda que abre e fecha a porta é a nossa faculdade de atenção.

Ao usar a nossa faculdade de atenção, voltamos as nossas mentes para os objectos da experiência. Prestar atenção é nada mais do que direccionar as nossas mentes para uma variedade de objectos diferentes. É uma faculdade neutra que suporta o desempenho de acções saudáveis, acções neutras e acções prejudiciais. Esta é a natureza dos seres. A enguia tem a cabeça como uma cobra e a cauda como um peixe. Quando uma enguia vê uma cobra, ela vira a cabeça para a cobra, quando vê um peixe, vira a sua cauda para o peixe.Manasikāra (atenção) é uma enguia, às vezes volta-se para o que é saudável e outras para o que é pernicioso e nefasto.

DAVID: O paradoxo é o de um ladrão hábil, capaz.

PEMASIRI THERA: Sim. Quando um ladrão invade uma casa, ele usa a sua faculdade de atenção, manasikāra. Ele está muito atento ao andar, ao falar, e em todos os movimentos. Talvez ele entre pelo telhado. Se um ladrão comete um erro e é apanhado, nós dizemos: “Ei, você não tem sati”. Mas é errado dizer isto porque as acções realizadas com sati são livres de expectativas e, claro, um ladrão espera ganhar alguma coisa. Portanto, a sua forma de atenção não é sati. Não tendo expectativa alguma, mesmo ao se realizar boas acções, é a causa para a realização de nibbāna.

DAVID: “Não ter expectativas” é a causa para nibbāna – isso é radical.

PEMASIRI THERA: Quando pessoas são novas na meditação, e se esquecem de algo, nós também dizemos: “Ei, você não tem sati.” Dizemos isto, a fim de desenvolver a sua consciência, mas depois de um certo tempo temos de lhes explicar o que é sati e o que está simplesmenteprestando atenção, manasikāra. Mas para ajudar os meditadores que estão apenas começando a desenvolver uma prática, dizemos: “Você não tem sati”.

Agora por exemplo estou a fazer muitas coisas diferentes e coloco os meus óculos sobre a mesa. Depois da nossa discussão, vou levantar-me e ir a algum lugar. Há a hipótese de me esquecer onde coloquei agora os meus óculos sobre a mesa.

Algumas pessoas poderão dizer “Pemasiri não tem sati. Esse professor não tem consciência.” Mas essas pessoas estão erradas ao dizerem isso porque o meu esquecimento não é um lapso de sati. É verdade, posso estar a prestar pouca atenção onde coloco os meus óculos, mas ainda continuo com minha sati, o meu estado de espírito saudável. Isso é tudo o que está a acontecer. Muitas pessoas pensam que o esquecimento é um lapso de sati. Não podemos dizer isso.

Mesmo quando pratica sati correctamente, um meditador muito bom às vezes esquece-se das coisas – ele pode estar a lavar-se à beira do poço e esquecer-se da barra de sabão ou da escova dos dentes por não estar a direccionar a sua atenção, a sua manasikāra, para a barra de sabão ou para a escova de dentes. Em vez disso, naquele momento particular no tempo, o praticante direcciona a sua atenção para algum outro objecto de experiência, tal como a sua mente. O meditador simplesmente não está a direccionar a faculdade da atenção para a barra de sabão ou para a escova de dentes, e como resultado, esquece-as.

Prestando atenção, manasikāra, é meramente a faculdade de estar consciente de um objecto de experiência, qualquer objecto material ou imaterial da experiência. Não é nada mais do que isso. Através da nossa faculdade de atenção, mudamos nossas mentes de um objecto de experiência para outro objecto de experiência; a nossa atenção muda continuamente de um objecto para outro, e depois para outro. É apenas a faculdade de estar atento ao que está acontecendo. Se dirigirmos nossa atenção para recordar tudo o que acontece, vamos lembrar tudo o que acontece. Prestando atenção, manasikāra, é puramente o direccionar da mente para um objecto de experiência. Nós ligamos as nossas mentes com qualquer objecto da experiência para onde dirigimos a nossa atenção. Esses objectos da experiência podem ser saudáveis, perniciosos, ou neutros. Manasikāra não está necessariamente ligada a um estado saudável da mente. Isso não é sati.

Sati é um estado saudável da mente, um estado consciente de ser saudável, que está sempre somente associado à experiência benéfica e nunca associado à experiência prejudicial. Totalmente conscientes do comportamento, as pessoas que mantêm sati nunca deixam as suas mentes sair de um estado saudável. Elas estão sempre direccionando a sua atenção para objectos saudáveis ​​de experiência. O guarda na entrada de suas mentes só abre a porta para o que é saudável e nunca abre a porta para o que é nefasto e prejudicial. Se o homem que esquece a barra de sabão é um bom praticante e está praticando sati correctamente, ele está sempre direccionando a sua atenção para objectos benéficos. Ele esquece-se da barra de sabão simplesmente por não direccionar a sua atenção para a barra de sabão. Esquecendo a barra de sabão não significa que a sua mente está saindo de um estado saudável de ser, de sati. Significa apenas que não havia atenção naquele objecto particular de experiência, a barra de sabão. Nada mais.

Em livros ocidentais traduzidos sobre meditação, li declarações sobre sati que não fazem sentido com o que quer que seja, nem um pouco. Em um desses livros, uma conversa entre um estudante e seu professor de meditação é usada para ilustrar o conceito de sati.

“Meditaste?” perguntou o professor.

“Sim”, disse o estudante. “Eu estava a praticar sati”

“Onde é que deixaste os teus sapatos?”

“Perto da porta.”

“De que lado da porta?”

“Não me lembro.” O aluno esquece onde estão os seus sapatos, mas sabe que os levou algures para perto da porta.

“Então você não tem sati”, diz o professor. “Saia!” E o professor manda o estudante embora.

Se o aluno era um bom praticante, ele faria todas as suas acções com sati e ainda assim seria possível ele ter-se esquecido onde deixou seus sapatos. Na altura, ele tirou os sapatos, e pode simplesmente não ter dirigido o seu estado saudável da mente para tirar os sapatos. Nada mais. É por os bons meditadores realizarem todas as suas actividades – banho, escovar os dentes, tirar os sapatos, ou o que seja –com um estado de espírito saudável, que eles as realizam com plena sati. Este aluno pode se ter esquecido onde deixou seus sapatos, simplesmente porque sua sati foi direccionada para alguma outra experiência como a sua mente e não para os seus sapatos, tendo falhado só isso a este aluno. Se este foi o caso, a mente do estudante não fugiu para longe do que é saudável. Ele manteve sua sati.

Para ensinar estes dois conceitos distintos – sati e manasikāra – como se fossem o mesmo conceito é um grande erro. Sati é diferente de manasikāra: um estado saudável da mente não é o mesmo que simplesmente prestar atenção a alguma coisa.

Levei muito tempo até entender a diferença entre esses dois conceitos. Quando eu era um jovem praticante, fiz esforço para executar todas as minhas acções com um estado de espírito saudável: sem expectativas e sem deixar que minha mente caísse num estado prejudicial. Mas às vezes esqueci-me onde deixei alguns dos meus pertencentes.

“Você”, disse o meu professor, “não tem sati”.

“O que é então” perguntei, “ sati ,e o que é apenas lembrar de tudo?” Eu percebi que poderia estar bastante atento enquanto realizava acções maliciosas e prejudiciais, e também notei que geralmente mais tarde me lembrava mesmo dessas acções maliciosas e prejudiciais. Então, por mais que eu meditasse, eu duvidava que sati fosse apenas estar atento e lembrar, e essa dúvida tornou-se um problema para mim. Eu respeitava os meus professores, porque sabia que eles estavam ensinando-me da maneira correcta, mas tive problema com este aspecto particular de seus ensinamentos, que enfatizava a atenção e o lembrar.

Só quando eu comecei a ler o Tipitaka é que comecei a entender a diferença entre manasikāra e sati. O Buddha falou sobremanasikāra e sati como dois tópicos separados. Manasikāra é substancialmente diferente de sati. Manasikāra simplesmente suporta todos os nossos estados e acções. O dever do guarda, a nossa faculdade de atenção, é de apenas abrir e fechar a porta da mente para os factores desta. É só. Basta estar lá e realizar esse dever: abrir e fechar a porta da mente. Manasikāra ajuda-nos a realizar todas as nossas acções, sejam elas benéficas, neutras ou prejudiciais. Quando manasikāra nos ajuda a realizar acções prejudiciais, ela está se ligando com ignorância. Sati, por outro lado, nunca se liga a ignorância e só suporta o desempenho de acções saudáveis. Sati sempre se liga apenas a sabedoria, pañña. Nada se liga a sati excepto sabedoria – absolutamente nada. Isto é o que define sati além demanasikāra.

Na verdade, quando diligentemente treinamos prestar atenção aos objectos da nossa experiência, desenvolvemos um nível elevado de atenção consciente que funciona como sati. Muitos anos atrás, treinei este aspecto manasikāra dos ensinamentos e, agora, se eu decidir que a partir deste momento vou prestar boa atenção a cada acção desempenhada, cada acção será desempenhada com um estado de espírito atento. Todas as minhas acções físicas – até mesmo o piscar dos meus olhos – serão experimentadas com boa atenção, e depois serei capaz de me lembrar de grande parte dessas acções. Mas isto não é sati, porque não há realização de sabedoria, não há progresso.

Realização requer transferir e dirigir a nossa atenção de objectos prejudiciais para objectos saudáveis. Quando fazemos isso, a nossa atenção é chamada de yoniso-manasikāra. E porque sati é sempre parte do estado de espírito associado ao que é saudável, yoniso-manasikāra apoia a realização/desenvolvimento de sati. Prestar atenção apresenta-se fácil e automaticamente, mas prestar atenção de uma forma completamente saudável, com yoniso-manasikāra, não ocorre automaticamente, é preciso esforço e trabalho/desenvolvimento.

O Buddha certa vez ensinou 500 ladrões. Depois de desenvolverem as suas faculdades de atenção para níveis bem elevados, os ladrões só precisavam da sabedoria para dirigirem a sua atenção prejudicial em direcção a atenção benéfica/saudável. Ao ouvirem a palavra do Buddha, os ladrões largaram os seus desejos e expectativas, e realizaram essa sabedoria.

Compreensão Lúcida

Quando o Buddha descreveu sati, ele geralmente incluía o termo sampajañña. Sampajañña significa ver claramente as características da existência. Com sampajañña, estamos conscientes de uma experiência à medida que ela surge e conscientes dela à medida que acaba. Sampajañña é compreensão lúcida. Há clareza de consciência.

Ligando sati a sampajañña, sati-sampajañña significa que o nosso estado saudável da mente e a nossa clareza de consciência estão bem desenvolvidos; nunca deixamos um estado mental surgir divorciado do bem. Temos plena consciência de nossas acções e consideramos as nossas acções, bem no meio de as realizar, com sabedoria. Neste nível de lucidez bem desenvolvida, todas as nossas acções físicas, sentimentos e estados mentais são saudáveis. Todo o acto e experiência que ocorre em nossos processos mentais, é transformado em algo saudável e benéfico. Quando trabalhamos com sati-sampajañña, trabalhamos com entendimento correcto e pensamento correcto. Diferenciamos mentalidade de materialidade e trabalhamos com sabedoria.

A cada manhã, o sol afugenta a escuridão da noite. Nós vemos objectos que não víamos durante a noite e não há nenhuma dúvida em nossas mentes sobre a identidade desses objectos. Não há confusão. Quando os raios de sol matinal atingem uma gota pura de orvalho, a gota pura de orvalho dá um reflexo maravilhoso do sol da manhã. A luz do sol brilha na gota pura de orvalho.

O sol é nibbāna, a escuridão é ignorância, a gota pura de orvalho é uma mente em sati, e ver claramente é sampajañña. Pureza combinada com ver claramente é sati-sampajañña. A mente pura e lúcida de sati-sampajañña está na luz de Nibbāna. É um estado de espírito luminoso. E, mesmo que este estado de espírito seja apenas um reflexo de nibbāna e não ainda o nibbāna verdadeiramente atingido, brilha como o nibbāna que não se confunde com qualquer ignorância. É um estado cheio de sabedoria, onde não há confusão a respeito de experiências. Qualquer objecto, qualquer coisa que entre em nosso campo de experiência, é conhecido sem confusão. Quando estamos na luz do nibbāna, em sati-sampajañña, sabemos a verdadeira natureza da existência. A escuridão da nossa ignorância é afugentada para longe e vemos objectos com clareza e compreensão.

Outra gota de orvalho está enlameada. Não reflecte o sol da manhã, é uma mente misturada com ignorância. Sem sati-sampajañña, sem um estado saudável da mente e sem clareza de consciência, a gota de orvalho enlameada nunca brilhará como nibbāna. Nunca.

Quando treinamos em sati-sampajañña, agimos sabiamente em todos os momentos das nossas vidas e facilmente percorremos o nosso caminho. Consideramos a nossa prática de meditação e a rotina das nossas vidas diárias como uma e a mesma coisa, unidas. Com a nossa prática de meditação entrosada em cada pedaço das nossas vidas, podemos estar envolvidos em qualquer actividade, sem conflito, porque estamos sempre vendo claramente e sempre livres de expectativas. Quando temos sati-sampajañña, somos a gota pura de orvalho e o Nibbāna brilha.

Existem dois tipos de pessoas com sati-sampajañña: arahats e meditadores que conscientemente realizam todas as suas acções sem expectativas. Não há nenhum apego ou aversão, só o ver lucidamente. Para se ser livre do sofrimento, devemos desenvolver a nossa sati-sampajañña.

Cap. 17 – Right Mindfulness (Consciência Correcta) do livro:

“Walking the Tightrope – Talks on Meditative Development
with Pemasiri Mahathera” de David Young
– Buddhist Publication Society,

Kandy, Sri Lanka

Tradução: Dhammiko Bhikkhu