Anumodana |

Anumodana é uma palavra difícil de traduzir para o português ou inglês. Literalmente significa “regozijar-se em conjunto”, mas também pode significar aprovação e encorajamento. Na tradição monástica budista dar anumodana aos ofertantes de comida e outros bens
necessários vem do tempo do Buda. Após uma refeição, ou quando presentado com um bem, o monge costuma “instruir, exortar, animar e encorajar” o ofertante com uma palestra de Dhamma. Muitas das estrofes de anumodana usadas hoje provêm diretamente destas palavras. Ao ler como tradução direta vemos que as estrofes não são meras bençãos. Elas expressam a aprovação da sabedoria do doador ao ser generoso, explicando os méritos da generosidade, e dando encorajamento na continuação da generosidade. Outras estrofes, compostas há séculos, pertencem mais à categoria das bençãos, desejos de felicidade e boa fortuna para os doadores.

As estrofes colecionadas e traduzidas aqui são aquelas que são mais usadas na tradição tailandesa do Theravada na atualidade. Todas são apropriadas como geradoras de mérito, apesar de que algumas sejam mais apropriadas em ocasiões especiais. O padrão comum quando se dá anumodana é começar pela Passagem I, e terminar na Passagem XIII, e incluir uma ou outra das passagens intermédias.

Algumas notas foram incluídas para identificar a origem das estrofes, isto é, se elas vêm do canon Pali, e para lhes dar informação útil no seu significado e uso.

A minha esperança é que esta coleção seja útil, não apenas para os monges e noviços que devem cantar e memorizar estas estrofes mas também para os doadores leigos que desejam entender o significado das estrofes e que apreciem o encorajamento na prática dos ensinamentos do Buda.

Tal como os rios cheios de água
enchem o oceano,
Do mesmo modo aqui são dados
benefícios aos que partiram (as sombras famintas).
Possa aquilo a que aspira ou rapidamente deseje ser,
E todas as suas aspirações serem alcançadas,
tal como a lua está cheia no décimo quinto dia,
ou que sejam radiantes como um límpido cristal.

Que todas as adversidades sejam evitadas,
possa toda a doença ser destruída,
Que seja  livre de perigo,
Que seja  feliz e tenha uma vida longa.
Para aquele de natureza respeitável e que
constantemente honra o que vale a pena,
Quatro qualidades crescem:
vida longa, beleza,  felicidade e força.

Que seja:
liberto de toda a doença,
seguro face aos tormentos,
afastado de toda a animosidade,
e sem aprisionamentos.

“Ele ofereceu-me, ele agiu em meu favor,
e ele é meu parente, companheiro, amigo.”
Estas oferendas devem ser dadas aos que partiram,
quando uma pessoa reflecte (portanto) no que foi feito no passado.
Pois nenhum choro, pena, ou forma de lamentação,
beneficiará os entes queridos daqueles que agem dessa maneira.
* Mas quando esta oferenda é dada, atribuída adequadamente ao Sangha,
Funcionará o seu benefício a longo prazo
e haverá proveito imediato.
Desta maneira o dever apropriado para com os parentes é mostrado
e grande honra é feita aos que partiram
e aos monges tem sido dada força:
Você acumulou mérito que não é pequeno.

Para aquele com confiança,
que realizar como o Dhamma é supremo,
Com confiança no supremo Buddha,
inigualável no merecimento de ofertas,
Com confiança no supremo Dhamma,
a alegria de ser sem paixões e calmo,
Com confiança no Sangha,
inigualável como um vasto campo de méritos,
Tendo dado oferendas ao supremo,
ele desenvolve o supremo mérito,
suprema vida longa e beleza,
status, honra, felicidade, força,
Tendo dado ao supremo,
a pessoa inteligente, firme no supremo Dhamma,
Quer se tenha tornando num Deva ou num Ser Humano,
rejubila, tendo-se tornado no supremo.

Nota 1: Estes versos são a parte final do “Tirokuddakanda Sutta” (Discurso sobre “Os Que Estão para Lá Do Muro”, Khuddakapatha 8). São frequentemente cantados em ocasiões quando os doadores dedicam méritos aos falecidos. Uma prática comum é que o líder inicie o canto no “asterísco”, omitindo as quatro primeiras linhas.

Nota2: Estes versos são do Aggappasada Sutta (Discurso sobre a Fé no Supremo), Anguttara Nikaya V.32.